A presidente do Conselho da Comunidade de Curitiba, Isabel Kugler Mendes, esteve na manhã desta quinta-feira (21) nas comemorações de aniversário de 109 anos do Depen do Paraná, no Museu Penitenciário. Uma mostra histórica foi organizada com parte do acervo em comemoração à data.
Nas comemorações, o diretor do Departamento Penitenciário do Paraná, Luiz Cartaxo Moura, disse que é importante olhar para o passado para transformar o futuro. “Nós buscamos guardar as memórias do sistema penitenciário. É um passo importante para a construção de um acervo amplo e específico sobre os presos, os processos e os funcionários”, apontou.
De acordo com Cartaxo, a parceria construída com a Organização dos Estados Americanos (OEA), em março, deve render frutos nos próximos meses. Um deles deve ser a construção de uma sede própria do Museu Penitenciário e da Espen (Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário). O outro deve ser a construção de uma nova Unidade de Progressão, nos mesmos moldes da PCE-UP, em Piraquara, igualando o modelo de tratamento penal com foco no estudo e no trabalho. A parceria deve render US$ 30 milhões de empréstimo para uma linha de desenvolvimento social.
O Museu Penitenciário do Paraná estará disponível para visitação a partir desta quinta-feira (21), às 14h. A exposição fica aberta ao público até sábado (23), na Avenida Monteiro Tourinho, 1506, no bairro Atuba.
O acervo histórico do sistema penal conta com mais de 20 mil prontuários de presos datados de 1909 a 1979, e 83 livros de registro de 1909 a 1986, além de considerável acervo fotográfico. Conta ainda com reproduções de utensílios e peças de época.
Quem comanda a restauração desses documentos é Eliane Regina Gomes, artista plástica e ex-detenta contratada pelo Conselho da Comunidade e o Depen para recuperar a memória do sistema penitenciário. O processo de restauração consiste em trabalhar nos documentos com trinchas e flanelas e retirar as bordas defeituosas com uma lixa muito fina. A reconstrução dessas bordas é feita com papel japonês gramatura 9 e uma mistura de cola e sal de sódio. Após a secagem, o prontuário é reordenado e reacomodado em pastas feitas com cartolina branca. Atualmente, apenas 1% dos papéis do Museu está devidamente catalogado.
Eliana já resgatou algumas peças raras, como o prontuário da primeira mulher presa no Paraná (Anna Petrolina da Trindade), condenada por homicídio do marido em 1915; prontuários da Guerra do Contestado (conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro); e prisões de estrangeiros (japoneses e ucranianos) na época da Segunda Guerra Mundial, quando imigrantes passaram a ser perseguidos no país.
Também estiveram presentes na cerimônia Isabel Cecília Paredes, secretária do Conselho da Comunidade de Curitiba, Elisabete Subtil de Oliveira, coordenadora do órgão, e diretores, agentes penitenciários e funcionários do Escritório Social.